25 outubro 2015

Um dia triste


Há alguns meses descobrimos que o nosso filhote de apenas três aninhos estava com uma grave doença. Algo que o mataria aos poucos, algo que não tem cura e que é considerado proibido o seu tratamento. No momento ficamos desesperados, corremos atrás de vários veterinários, aqui na Bahia, fora dela e até mesmo em outro país. Uns diziam que deveríamos sacrifica-lo por que seria um protozoário para sempre da doença e que também estaríamos correndo risco de vida estando ao lado dele. Não conheço bem da doença, na verdade o pouco que sei não significa muita coisa. Cada veterinário me confundiu um pouco. Alguns outros nos disseram que poderíamos tratar a doença e que ele viveria por mais tempo. Esse tratamento contava com oito comprimidos por dia, duas injeções a cada 21 dias, coleira scalibu, e dentre outras coisas mais. Mas todos diziam a mesma coisa: ele não ficaria curado. Apenas "faria a doença dormir", mas o protozoário iria permanecer lá. E ainda assim seria prejudicial a nossa vida também, e a dele, por que ele sofreria aos poucos. Por que se eu não me engano, essa doença ataca o fígado do animalzinho.
Mas antes de contar sobre o que aconteceu quero compartilhar com você como conheci esse grande guerreiro chamado Rulk.
Na verdade ele pertencia apenas ao meu marido (que antes era apenas namorado). Quando ele me levou para conhecer o Rulk nós estávamos completando 1 mês de namoro. Foi então que o vi pela primeira vez fiquei encantada, nunca tinha visto um rottweiler na minha frente (cara a cara, sabe?). Ele veio correndo até mim e ficou cheirando toda parte do meu corpo, principalmente os pés. Estava muito nervosa, confesso. Com muito medo, também. Mas meu namorado estava ao meu lado, me passando segurança. Nesse mesmo dia conversamos sobre Rulk, sobre como ele (meu namorado) o amava, chegou até a dizer a palavra filho.  Entendi, naquele momento, que eu nunca deveria competir com ele. Que eu só teria duas opções, caso eu quisesse me casar, ou eu aceitava aquele serzinho valente, ou então terminaria tudo ali. Escolhi a primeira.
De lá pra cá foram dois longos anos de convivência. Quando nos casamos ele passou a morar conosco, sempre sentindo muito ciumes de mim com meu marido. Ele me amava, eu sentia isso, mas não mais (nenhum pouco a mais) que seu dono. Seu real dono.
Bom, foi então que descobrimos a doença do Rulk, meu marido ficou arrasado, e enquanto escrevo essas palavras, lembro com tristeza de vê-lo chorando como uma criança, abraçado ao cachorro quando chegamos do veterinário que deu o resultado dos  exames. Chorei ao lado deles também, mesmo tentando ser forte para ajudar no que fosse preciso. Foi então que decidimos ir em outros veterinários, alguns que tratavam da doença. E fizemos outros exames, mas todos confirmaram a doença e os avanços dela no corpo dele. Ele começou a perder pelos, peso, apetite. Foi mudando seu comportamento aos poucos. E mesmo com o tratamento que iniciamos logo depois da noticia do primeiro exame ele não reagia muito bem.
Foi depois de oito meses que tomamos a pior de todas as decisões que pais de animais podem tomar. Rulk já estava muito mais debilitado (queríamos pensar assim para diminuir um pouco da nossa dor), mas ele ainda estava um pouco forte. A pesar das feridas em toda parte do corpo. Ele ainda estava bem, Deus sabe que sim. Mas não queríamos que ele sofresse mais. Então ligamos para a zoonose, agendamos tudo e o levamos lá.
Foi muito sofrimento... Consigo ainda me lembrar com clareza de cada detalhe, e principalmente da fisionomia do meu esposo a cada passo que o veterinário responsável dava. Choramos do inicio ao fim do procedimento. Vi meu marido chorar de uma forma que nunca vi um homem chorar, muito menos ele. Não queria acreditar em tudo que estava acontecendo. Por que tudo isso? Pensei muitas vezes. Ficamos ao lado dele o tempo todo e conseguiria descrever com riqueza de detalhes tudo que aconteceu, cada procedimento.... Mas vou poupa-lo disso.
Só queria mesmo descrever aqui nosso amor por alguém que existiu por tão pouco tempo, que só nos fez bem, que nos amou com ou sem ração, alguém que nos deu atenção quando estávamos sozinhos, alguém que nos mostrou que não precisa ter riqueza para ser amado de verdade. Nosso fiel amigo faleceu na nossa frente, Foi um dos piores dias da minha vida, e com certeza o pior do meu marido. Até hoje tento conforta-lo... mas tem sido uma tarefa bem difícil. Mas foi algo inevitável, ele já estava sofrendo, seriamos egoístas se não o livrássemos desse sofrimento apenas para que ele permanecesse ao nosso lado.

Talvez, você que está lendo isso não nos entenda, por tanto amor. Talvez não me entenda por ter escrito esse texto. Mas eu não o fiz para ser entendida, fiz para demonstrar o meu amor pelo cão do meu marido. E para dizer que ele estará para sempre em nossas melhores lembranças.





Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gostou? Então comenta aqui: