Sabe quando a gente pensa que esqueceu aquela pessoa? Mas na verdade basta só um dia, um momento, um lugar para que todo aquele sentimento volte a tona.
Ainda estou super chateada com o que aconteceu. Agora, vendo as pessoas dançando, começo a refletir sobre como fui idiota. Eu sempre fui sincera e com personalidade forte, sempre soube o que dizer e sempre confiei no meu potencial diante das dificuldades. Eu agir como uma adolescente que foi perdidamente apaixonada pelo seu primeiro namorado. Quando me lembro de como tudo aconteceu e de como agir fico chateada. Queria apagar tudo da minha memória, queria apagar aquele momento, queria esquecer o que eu não disse, mas o que eu mais queria era usar uma borracha gigante para apagar ele da minha vida, da minha história.
Ainda me lembro como se fosse hoje. Mas do que eu estou falando?! Foi ontem, como poderia esquecer?
Minhas amigas me chamaram para vim pra essa festa desde quarta-feira que iria acontecer sexta ás 19:30, em um local próximo daqui da cidade. Elas organizaram tudo. Eu não estava muito afim de ir por que ainda estava deprimida com o termino do meu namoro. Na verdade estava super deprimida com a atitude do meu ex em ter levado sua atual namorada para a sorveteria que eu frequentava com minhas amigas. Fico me perguntando se eu merecia pelo menos um pouco de respeito da parte dele. Mas isso não vem ao caso!
Na sexta-feira pela tarde, enquanto faço meu relatório mensal, vejo que meu celular vibrou -coloco no vibra por que odeio o som de sms que ele faz- uma mensagem. De repente, ao ver o nome do remetente no visor meu coração gelou. Não conseguir acreditar. Quis excluir o sms antes mesmo de ler, mas minha curiosidade não permitiria isso. "Queria tanto te ver, sei que você esta com raiva, mas preciso falar com você." É incrível como um minuto pode atrapalhar o restante do seu dia todo. Antes de pensar em responder a mensagem eu a li umas três vezes para ter certeza que eu não estava tendo uma ilusão.-nós não nos falavamos há três meses- Mas era verdade. Ele, aquele filho de uma mãe, me mandou uma mensagem dizendo que quer falar comigo. Me perguntei por horas o que ele queria falar. Imaginei várias respostas e me preparei para o pior. Peguei o celular e digitei "Não tenho mais nada para falar com você", e apertei o botão de enviar. Cerca de dois minutos depois vejo a resposta "É importante. Preciso te ver, estou com saudades. Te encontro hoje na praça das árvores ás 20:00h." A minha razão o odiou completamente, podia sentir minha cabeça ferver de raiva, mas meu coração deu um pulo de felicidade quando meus olhos congelaram na parte "preciso te ver". Não conseguia raciocinar direito. Não com tantos pensamentos rondando a minha cabeça. Olhei para a mensagem. Mas não conseguir responder. Não sabia o que dizer, nem como dizer. Então tomei a decisão. Não vou! É claro que eu não iria. Eu nem queria saber o que ele iria me dizer. Isso! -disse para mim mesma- eu não vou e pronto.
Voltei ao trabalho, mas não conseguia me concentrar. Lembranças insistiram em percorrer a minha mente. Lembranças do jeito como ele me olhava, de como me tratava. Do seu jeito simples e romântico de ser. Mesmo tendo que fazer o relatório, me permitir ser levada pelos momentos que passamos juntos. Quatro anos! Quatro anos de felicidade, de brigas, mas também de muita alegria. Eu ainda o amava. O amava muito mesmo. Foi meu primeiro namorado.
De frente para o relatório que estava preenchendo no computador, me lembro do nosso ultimo aniversário de namoro. Ele me levou flores na sala do escritório, se ajoelhou e declarou um poema para mim. Foi lindo. Chorei de alegria. Ficamos minutos abraçados enquanto ele falava no meu ouvido que me amava e que iria passar o restante da vida dele comigo.
Sinto que as lágrimas caem pelo teclado do meu computador. Aproveito que ninguém esta me olhando e permito que elas caiam por alguns segundos. Verifico as horas no computador, reflito mais uma vez e tomo uma atitude. Peguei o celular novamente e respondi o mais rápido que consegui. Interfonei para o meu chefe dizendo que precisava sair urgente. Peguei o meu blazer que estava sobre minha cadeira e corri para o elevador. "Ainda tenho uma hora e meia."- pensei alto enquanto saia do prédio.
Geralmente gasto trinta minutos para chegar em casa, mas hoje levei vinte. Ao chegar em casa joguei várias roupas na cama, depois do banho experimentei três vestidos de cores diferentes, calça jeans com blusa preta, blusa branca e uma azul. Por fim, escolhi o primeiro vestido que tinha experimentado. Passei meu perfume favorito, coloquei os sapatos e sai com a mesma bolsa que fui para o trabalho. Ainda tinha vinte minutos, então decidir ir de ônibus.
Fonte da imagem: http://pessoagentehumana.blogspot.com.br/
Sentei em uma das ultimas cadeiras, ao lado de um senhor de cabelos grisalhos, com o rosto marcado pela idade, apesar de parecer cansado mostra-se educado e fala comigo carinhosamente:
-Boa noite, senhorita.
-Boa noite -respondo alegre.
-Você é uma linda garota, sabia?
Olho para seus olhos cansados, porém repletos de esperança e agradeço com um sorriso -obrigada.
Um silencio segue, ele continua olhando para longe da janela, como se quisesse percorrer algum lugar, depois de alguns segundos voltou-se para mim e disparou palavras que eu nunca vou esquecer
-Quem não se ama, não será amado. Quem não se valoriza, jamais será valorizado.
Meus olhos encheram de lágrimas. Pois amava mais a um estranho do que a mim mesma, valorizava mais ao meu ex do que a minha conciência, mas não tive tempo de responder, por que antes disso ele me olhou com sensibilidade e disse:
-Não se preocupe, a vida vai lhe ensinar com o tempo. -ao dizer isso ele se levantou, virou pra mim e completou - Bom, foi um prazer conhece-la, mas tenho que descer, chegou meu ponto.
Eu não conseguir dizer nada. Apenas dei lugar para que ele passasse. O ônibus parou e ele desceu, eu permaneci olhando para ele, mas ele continuou de costas. O motorista seguiu o seu percurso rotineiro. Tentava esquecer aquelas palavras, mas não conseguia. Estava indecisa, chorei novamente, mas dessa vez não me importei com os olhares curiosos que estavam sobre mim naquele ônibus.
Dali a três paradas, a próxima seria a minha. Tinha que descer, já estava cinco minutos atrasada. Eu o amava muito, amava mais do que a mim mesma. Eu sabia que quando chegasse lá não seria forte o suficiente para dizer não. Estava com tanta saudade, meu coração palpitava com mais velocidade ao pensar que poderíamos reatar. Era isso que eu mais queria, não era? Sim! Eu o amava e o queria de volta. Ao olhar pela janela vi o inicio da praça, era meu ponto, me levantei e apertei o botão para avisar ao motorista que queria descer. De longe, observei que ele já estava lá, sentado com rosas na mão. Ele estava lindo, o que eu mais queria era correr ao seu encontro e abraça-lo. Enfim o ônibus parou, mas eu não conseguir descer. A cobradora me olhou e perguntou
-Vai descer ou não?
Olhei novamente na direção do homem que eu amava e ela me gritou:
-Ei minha filha! Não temos o dia todo!
-Não - respondi com lágrimas nos olhos- não é essa a minha parada.
Sentei novamente e o motorista mais uma vez seguiu seu percurso.
Enquanto o ônibus se distanciava da praça percebi que havia tomado a melhor decisão de toda a minha vida. Eu não me amava o suficiente para desistir dele. Não me valorizava, pois sabia que ele ainda estava com a outra. Então por que me permitir chegar a essa situação? Se ele me amasse de verdade teria vindo até mim, teria me ligado e não me mandado um sms. Teria ido ate o meu trabalho ou a minha casa, teria falado com minhas amigas sobre como me queria de volta.
Mas na verdade... se ele me amasse não me trairia.
Hoje sinto-me bem. Estou rodeada de amigos que me amam e que me entendem. Estou encostada no balcão da barraca de bebidas, tomando meu refrigerante, observando minhas amigas dançando de um jeito divertido. Elas não ligam para o que os outros estão pensando... Elas querem apenas aproveitar a vida. E sabe o que eu aprendi com tudo isso? Que Deus faz valer aquela oração "-livrai-nos do mal, amém".
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