03 abril 2014

Uma carta para alguém...

Carta nº 101
03 de Abril de 1993

Eu queria muito escrever algo bom pra você, dizer o quanto eu sinto por tudo que está acontecendo entre nós dois... Queria dizer o quanto sinto sua falta, que eu sei que eu tenho magoado tanto você com minhas atitudes, com as minhas palavras, com as escolhas que eu tenho tomado nesses últimos dias. Bom, eu queria dizer que não estou conseguindo mais viver sem você, que a cada lado que eu vou lembro-me dos nossos momentos juntos. Poxa, quanta saudade eu sinto de você. Estamos tão perto, mas te sinto tão longe. Longe de mim, longe das minhas lágrimas, dos meus medos, longe...
Eu sinto saudade da sua presença, do seu perfume, da sensação que eu tinha quando estávamos juntos no mesmo ambiente. Do seu ciúme. Dos seus olhos sobre o meu cabelo, olhos de repreensão sobre as roupas que eu vestia. Sinto falta dos planos que fizemos juntos, dos nossos sonhos. Das noites que conversávamos depois de um longo dia de trabalho... Eu falava e você me ouvia. Te contava tudo, o meu tudo. Os meus desejos, as minhas dores, os temores que eu tinha. Conversávamos sobre as pessoas que queriam o meu mal e você sempre me fazia orar por elas. Com você eu nunca tinha medo do perigo, da escuridão...
Quanta saudade....
Mas sabe o que queria mesmo te dizer? Que você ainda é tudo pra mim. Que mesmo distante, te quero perto. Que não quero mais colocar ninguém em seu lugar... Que a minha felicidade não faz sentido algum se você não está aqui. Que o sol não é amarelo se eu não sentir sua presença. Que a água não mata mais a minha sede, que ate mesmo o arco-íris ficou sem cores por que você não está aqui comigo. Que o mais cheiroso perfume da mais bela rosa não tem aroma algum pra mim, por que você não está mais aqui.
E sabe o que mais me dói? É saber que tudo isso foi culpa minha, que eu escolhi ele e não você. Que eu coloquei o meu trabalho, meus estudos, minha carreira, minha família, meus amigos, as redes sociais no lugar de destaque que lhe pertencia. Fui eu que lhe deixei de fora dos meus sonhos. Foi eu que lhe exclui da minha vida. Dói muito imaginar o que você sentiu quando eu parei de ir lhe visitar, quando não lhe dava mais atenção. Que não lhe ouvia mais por que estava ocupada ouvindo os meus “amigos”, ouvindo o meu próprio eu. Fui egoísta ao dizer que você não sabia o que eu estava sentindo quando perdi aquela luta.
Mas o que mais me machuca é saber, é sentir que você ainda olha pra mim, que ainda cuida de mim, mesmo distante.
E foi olhando as cicatrizes nos seus pés e em suas mãos que eu me dei conta que você nunca me deixaria, que você nunca me abandonaria, que estará sempre ai, pronto para me receber de braços abertos. Por que foi isso que você quis dizer quando gritou: Está consumado. Quis dizer que mesmo que eu lhe abandone, que mesmo que esqueça que foi você quem me deu o dom da vida (você deu a sua vida por mim), mesmo que tudo isso aconteça eu serei livre para tomar as minhas escolhas, livre para escolher você. Por que o pecado está consumado, por que você o levou sobre si, que ainda tenho tempo de lhe pedir perdão e de me aconchegar novamente nos teus braços de amor.
E é isso que eu vou fazer. É isso que eu mais quero fazer. Me envolver no seu amor, nos seus grandes braços de amor. Vou esquecer do mundo que está a minha volta e, como prometi, nunca mais vou colocar alguém no lugar que eu escolhi para ser seu, apenas seu.
Eu sei que parece repetitivo, mas mais uma vez eu quero te pedir: me perdoa? E se for me perdoar, quero pedir que me dê forças. Isso mesmo, forças para não pecar mais. Não quero sentir isso de novo, não quero te magoar novamente, então me ajuda?
Te amarei pra sempre, meu amor Jesus.

Com carinho,
De sua filha, de sua amiga, da pessoa que será sempre grata pela vida que você a deu.


Ps: Obrigada por nunca desistir de mim.

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