28 dezembro 2012

Capitulo III

Continuação do Capitulo II

Finalmente Gaby chega em casa e vai direto para o seu quarto. Tira a roupa e toma um banho demorado, como se quisesse fazer com que a água a fizesse esquecer de algo que lhe incomoda. Mas talvez seja isso mesmo. Recordações nem sempre são boas. Escolhe uma camiseta vermelha que combina perfeitamente com o seu cabelo e um short jeans, se olha no espelho e se sente bem com o que ver. Lembra que tem que terminar a presentação do seu trabalho pra amanhã, mas esta cansada demais para ficar horas na frente do computador. A viagem foi longa e as suas amigas não a deixaram dormir. E ainda tem Miguel, seu irmão mais novo, que lhe pediu ajuda na atividade da escola. "Como eu gostaria de ficar mais uns dias naquela ilha encantadora. Opa. Dias não, gostaria de passar meses. Ou até mesmo morar lá. Sim! Seria perfeito." 
-Gabriela! -Sua mãe grita da cozinha interrompendo seus pensamentos. -Gaby saia já desse quarto e venha comer alguma coisa.-A verdade é que nada é como a gente quer. Nada é tão fácil. Nem tão tranquilo. E definitivamente ninguém esta satisfeito com a vida que tem. 
-Já estou indo mãe -responde Gaby, abre a porta do quarto indo em direção a cozinha quase se arrastando.

                                              


Amanda já tomou banho e acabou de jantar. "Não é possível. Daniel não me ligou uma só vez hoje." Esta morta de cansada, se deita na cama e pega o celular para colocar o despertador para ir pra a escola. -O que? -leva um susto quando olha no visor do celular -nove ligações perdidas de Daniel! Caramba eu deixei o celular no silencioso. -Começa a discar o número dele e aperta a tecla de chamar.
-Porque não atendeu minhas ligações?
-Oi amor. Desculpa. É que estava no silencioso e não percebi. Estou morrendo de saudade.
-E eu fiquei preocupado o dia todo. Nem mesmo um sms? Você nem se lembrou de mim lá.
-Oh bobinho. Claro que lembrei. Mas é que ficamos sem área a maior parte do tempo. Daí esqueci de e ligar depois.
-Huum! E como foi lá?
-Perfeito amor. Você tem que ir da próxima vez. Você vai amar. Acabamos de chegar praticamente.
-Que bom amor. Fico feliz que tenha se divertido.
-Esta com saudades?
-Claro que sim.
-Own, amor. Amanhã assim que sair da escola te ligo e a gente se encontra e mata a saudade tá bom?
-Amanhã? Achei que nos veríamos hoje ainda.
Amanda percebe que o desapontou, mas esta cansada demais -Amor já são dez horas e amanhã tenho aula. Estou muito cansada.
-Ok amor. Então até amanhã. Um beijo. Te amo muito.
-Também te amo. Até amanhã.
E então sem demorar muito tempo, Amanda já esta dormindo. Feliz e tranquila. Renovada e mais madura. A verdade é que ela esta cada dia mais madura. 

Na vida, o importante mesmo é saber aproveitar cada minuto como se fosse o ultimo. E é isso que Iara decidiu fazer. Viver sem medo, sem falsas esperanças, sem preocupações e sem receio. Sim. Sem receio de ser e de fazer as outras pessoas felizes. Tudo que ela aprendeu desde sua ultima perda foi que as pessoas, os momentos, as alegrias, não voltam. Então faz questão de se agarrar a isso como se fosse sua válvula de escape para ser a pessoa que ela sempre sonhou. Livre. Mas isso é quando se esta distante da realidade. Das lembranças que machucam. Das pessoas que lhe fez sofrer.
Começa a tirar as roupas de dentro da mochila, esta se sentindo mais cansada do que nunca, "foi um fim de semana incrível, deveríamos fazer isso mais vezes". Depois de colocar todas as suas roupas em cima da cadeira que fica na escrivania se deixa cair na cama. Ainda não esta satisfeita. Porém esta um pouco mais feliz. Tranquila. Confiante. E só agora compreende que as dores foram feitas para deixar as pessoas mais fortes. E ela sabe que vai superar essa dor. Mas seu pensamento insiste em leva-la aquele jardim. Precisamente no inicio de outono. Um lugar lindo, cheio de flores. Flores que caíram das árvores sem a permissão dos seus admiradores. Um lugar onde ela escondeu suas lágrimas. Um jardim onde gritou sem som. Onde falou, mas estava sozinha, ninguém a ouviu. A cena daquele dia vem a sua mente clara como se fosse ontem. Mas já se passaram dois meses. Sem perceber seus olhos já estão embaçados. Então começa a abraçar seu travesseiro com força, como se quisesse transferir para ele toda sua tristeza. Lágrimas escorrem pelo seu rosto. "Dois meses e eu ainda sinto dor no meu coração. Sinto que a cicatriz abre toda vez que algo me lembra dele. Mas o que eu fiz? O que fiz de tão errado?" E como se fosse uma oração, ela olha atentamente para o teto "Senhor, por favor, me faça esquece-lo. Por favor. Essa dor esta muito forte aqui no peito. Não sei mais o que fazer. Não sei mais a quem recorrer. Por favor, concerta pra mim o meu coração que quebraram?" Os minutos passam, mas a dor ainda persiste. Depois de mais algumas lágrimas Iara adormece sobre o travesseiro que esconde suas lágrimas silenciosas. Porém dolorosas.
A verdade é que não existe uma borracha que possa apagar os nossos sentimentos. Nesse momento só existem duas saídas. Enfrentar a dor, ou esconder-se dela. Iara ainda não sabe, mas a vida ainda vai lhe fazer belas surpresas.

-Família, cheguei- grita Cláudia da porta de casa- pai, mãe, Junior, Laura, alguém aí?
Nada. Apenas um pequeno bilhete que diz: "Olá filha, não sabíamos a hora que você iria chegar. Por isso não esperamos você. Fomos todos para a pizzaria. Um beijo, te amamos."
-Que ótimo -Cláudia coloca a mochila no chão e devolve o bilhete a estante- foram todos comer pizza e eu fico aqui com fome. Que injustiça!
Mas só pra garantir, vai ate a cozinha e começa a mexer em algumas panelas -huum, mamãe deixou moqueca de camarão pra mim.- Esquenta a comida no microondas enquanto toma banho. Depois volta e pega o prato. Janta e sem mais nada pra fazer decide ir dormir. Checa o celular. Nenhuma mensagem. Coloca o despertador. Amanhã o dia será corrido. Ao deitar na cama se lembra de Iara e de como a encontrou no quarto da pousada. Sente uma pontada de tristeza por sua amiga. "Queria tanto que ela estivesse feliz como eu e as outras." Escreve alguma coisa em seu diário e o guarda novamente na cabeceira. "Ela vai superar isso. Tenho certeza. Ela é forte." Então deita na cama e percebe quanta saudade sentiu dali. Lembra que tem que escolher uma roupa para usar amanhã. Sem precisar se levantar da cama, Amanda começa a criar lukes na sua mente. "Pronto! Já sei." Ela sempre foi boa nisso. Amanhã terá uma entrevista para o emprego que sempre sonhou. Apesar da ansiedade, ela esta muito confiante. Sente que finalmente irá conseguir.
Porém ela nem imagina o que esta pra acontecer.

Continua...








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